Os Bororo possuem uma intensa vida cerimonial. Os rituais
mais importantes são os de nominação (definição de nomes das crianças); a
perfuração do lóbulo das orelhas e lábio inferior; a festa do milho novo. O
mais importante é o Funeral. É o mais
elaborado e mais longo dos Bororo. Pode de durar até três meses, pois é
necessário esperar a decomposição do corpo para que se possa proceder a
ornamentação dos ossos. O defunto, no
primeiro enterro, é colocado em uma cova rasa no pátio da aldeia. Diariamente a
cova é regada para acelerar o processo de decomposição. Durante esse período
inúmeros rituais são realizados: danças caçadas, refeições, representações de
espíritos, abluções, escarificações, incineração de pertences do finado, entre
outros. O funeral mobiliza todas a sociedade Bororo (índios vindos de outras
aldeias), os mortos, evocados por seus parentes, e até mesmo elementos da natureza.
Todos os membros, quando da sua morte, são cultuados segundo
o mesmo ritual. No entanto, há um ritual em que o índio prepara-se para morrer.
Trata-se do índio que está muito doente, quase agonizante. Ele procura o xamã
para que esse o examine, receite os remédio etc. Se, no entanto, ouvir do xamã
que nada mais pode fazer por ele, sabe que a sua sorte está selada e que, muito
breve. A partir desse momento o moribundo prepara-se para receber a morte.
No momento em que a doença se agrava, os parentes chamam o
xamã, que junto ao enfermo estendido numa esteira no chão, dirá se ele vai
morrer ou não. Prediz, às vezes, quantos dias durará a agonia. Se isto
acontecer, os parentes suspendem a alimentação do doente e os parentes espalham
urucum em todo o corpo do enfermo, que é enfeitado de penas e plumas. E como
nos preparativos de uma festa, iniciam longos cânticos que persistirão em todas
as fases do extenso funeral fúnebre. Se, por acaso, não morre no dia previsto,
o Bari ou um parente se encarrega de
tornar verdadeira a profecia.
Obs.: Bari e Xamã tem o mesmo significado. Um é sinônimo do
outro.
A Morte e exumação
Sobrevindo a morte, o corpo é coberto, para que as mulheres
e crianças não o vejam. Começam os gritos e lamentos em altas vozes, que são
ouvidos em toda a aldeia. Nessa ocasião verifica-se a mais impressionante fase
do ritual Bororo: os parentes cortam o próprio corpo com uma concha afiada e
deixam o sangue correr em grande quantidade sobre o cadáver. Durante o ritual
fúnebre esta cena poder ser presenciada várias vezes.
Do sepultamento à exumação, ainda como parte do ritual do
funeral, há uma caçada que os Bororo fazem, passados dois ou três dias do
enterro. A finalidade desta fase do rito é matar a fera mori (vingança ou
retribuição), o que deverá ser feito pelo caçador que representa a alma do
defunto. No dia da exumação, à hora do crepúsculo, recomeçam os prantos que
varam a noite, sem interrupção. Ao amanhecer, ao canto do kiegüe baregue
(pássaros e feras), é desenterrada e aberta a esteira onde está o cadáver. O
volume macabro é levado para perto do rio ou lagoa. Os ossos retirados da carne
em putrefação e lavados com indiferença, pelos jovens, são colocados em uma
cesta, levados de volta à aldeia, onde todos já estão aguardando. Os homens
tiram o crânio lavado da cesta, pintam-no com urucum e escondem debaixo de
penas para que as mulheres não o vejam. E outros rituais se seguem. Em
determinada manhã, os parentes pegam a cesta dos ossos, vão a um rio ou lagoa
já determinados. Na parte onde as águas são mais profundas descem a cesta e
fincam-na no fundo com um pau que fica fora d’água. Essa lagoa ou rio é a
“morada das almas”.
Fonte:http://portal.mj.gov.br/
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