Gnóstico é um termo que deriva do grego
"gnostikós" cujo significado remete para algo ou alguém que é capaz
de conhecer. Na Língua Portuguesa o termo é utilizado para referir aquele que é
sectário do gnosticismo.
O gnosticismo designa um conjunto de crenças de natureza
filosófica e religiosa cujo princípio básico assenta na ideia de que há em cada
homem uma essência imortal que transcende o próprio homem. Os gnósticos
consideram a existência humana neste mundo como não natural, por estar submetida
a diversos sofrimentos.
De acordo com o gnosticismo, o caminho para a libertação
desses sofrimentos é através do conhecimento. Não um conhecimento adquirido de
forma racional e com base científica, mas um conhecimento intuitivo e
transcendental que dá sentido à própria vida humana.
O termo “gnóstico” adquiriu sentido pejorativo quando foi
aplicado pelos mesmos Padres a certos hereges que tiveram notável relevo entre
os séculos II e IV. O primeiro em designá-los assim foi são Irineu, que vê a
sua origem na heresia de Simão o samaritano (Atos 9, 9-24), e diz que os
seguidores desse herege se propagaram pela Alexandria, Ásia Menor e Roma dando
lugar a “uma multidão de gnósticos que emergem do solo como se fossem fungos”
(Adversus Haereses,I, 29.1). Deles, continua dizendo são Irineu, procedem os
valencianos, que são os que ele combate diretamente. Explica tal abundância e
diversidade de seitas dizendo que “a maioria de seus seguidores – na realidade,
todos querem ser mestres - se vão da seita que abraçaram, e elaboram um
ensinamento a partir de uma outra doutrina, e depois a partir desta surge ainda
outra, mas todos insistem em ser originais e em haver achado por si mesmos as
doutrinas que de fato se limitaram a compaginar” (Adversus Haereses,I, 28.1).
Dessas informações de Irineu e dos outros Padres que
também tiveram que combater aqueles hereges (especialmente são Hipólito de Roma
e são Epifanio de Salamina), se deduz que foi tal a quantidade de grupos (simonianos,
nicolaítas, ofitas, naazenos, setianos, peratas, basilidianos, caropocratianos,
valencianos, marcosianos) e mestres (Simão, Cerinto, Basílides, Carpócrates,
Cerdão, Valentim, Tolomeu, Teodato, Herácleo, Bardesanes...), que caíram sob a
designação de “gnósticos”, e que apenas de uma forma muito genérica se lhe pode
agrupar sob um qualificativo comum. Das obras heréticas “gnósticas” descobertas
em 1945 em Hag Hammadi (alto Egito) - cerca de quarenta – tira-se uma impressão
parecida; cada obra contém a sua própria orientação doutrinal herética.
Dentro dessa diversidade descrita, os que melhores
conhecemos são os gnósticos valencianos, que são também os que exerceram uma
maior influência. Agiam dentro da Igreja como se fosse uma “fera presa numa
jaula”, diz são Irineu. Tinham as mesmas Sagradas Escrituras que a Igreja, mas
as interpretavam em sentido contrario. O Deus verdadeiro, segundo eles, não era
o Criador do Antigo Testamento; distinguiam diversos Cristos entre os seres do
mundo celeste (éons). Esses gnósticos valencianos julgavam que a salvação era
obtida pelo conhecimento de si mesmo, como uma centelha de luz divina contida
na matéria; julgavam, ainda, que a redenção de Cristo consiste em despertar-nos
para esse conhecimento; e que apenas os homens espirituais (pneumatikoi) estão
destinados à salvação. O caráter elitista da seita e o desprezo do mundo criado
configuravam, entre outras características, a mentalidade daqueles hereges,
máximos representativos dos “gnósticos”.
Fonte: Opus Dei
Fonte: Significados
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