Em 1850 a família Oatman se aventurou em uma viagem de trem liderada por James C. Brewster, membro da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos
Últimos Dias que, após se desentender com o líder da igreja de Salt Lake City,
no estado de Utah, decidiu viajar à Califórnia juntamente com seus seguidores,
sob a justificativa de que lá era o “lugar onde estavam destinados a se reunir”
os mórmons. Saindo de Missouri a caminho de Santa Fé, desentendimentos fizeram
com que o grupo de 52 pessoas se separasse: os seguidores de Brewster
conhecidos como brewsteristas, rumaram para o norte, ao passo que
Royce Oatman, pai de Olive, guiou as demais famílias por uma rota ao sul, pelas
cidades de Socorro, Santa Cruz e Tucson. Chegando ao estado do Novo México em
1851, encontraram um ambiente inóspito, e gradualmente as familias foram abandonando a viagem para o Colorado.
Em Maricopa Wells, as famílias que pretendiam continuar a
viagem foram alertadas de que, adiante, encontrariam índios hostis e estariam arriscando suas vidas se decidissem prosseguir. As
famílias decidiram ficar em Maricopa, com exceção dos Oatman, que seguiram
sozinhos e foram atacados nas planícies do rio Gila, alguns
quilômetros ao
leste de Yuma, onde atualmente está o Arizona. O episódio ficou conhecido na
história dos Estados Unidos como “o massacre Oatman” (“Oatman Massacre”) foram
assassinados o casal Oatman e quatro dos sete filhos; Lorenzo,
na época com 15 anos, foi deixado para morrer, mas acabou sobrevivendo e, ao
acordar, encontrou os corpos de seus familiares, mas nenhum sinal das irmãs
Olive, na época com 13 anos e Mary Ann, com 7.
Lorenzo conseguiu encontrar um acampamento, no qual foi
tratado, e, dias depois se juntou novamente aos emigrantes. Ao passar pelos
corpos de sua família, teve ajuda dos companheiros de viagem para enterrá-los.
As duas garotas foram levadas, juntamente com diversos
objetos saqueados da carroça de sua família, por índios Yavapais(Tolkepayas), que viviam
num local a pouco mais de 160 quilômetros de onde haviam atacado os Oatman. A
princípio, foram tratadas com rispidez pelos índios e usadas como escravas,
tendo de empilhar comida, buscar água e lenha.
Passado um ano de cativeiro, índios Mohave ofereceram dois cavalos, alguns vegetais e
cobertores em troca das duas garotas, que acabaram indo para a nova residência,
próxima ao rio Colorado. O local onde se localizava a tribo é, hoje, a cidade
de Needles, na Califórnia.
Chegando na tribo Mohave, as meninas foram acolhidas pela
família de um dos chefes e passaram a ser cuidadas pela esposa e pelas filhas
do chefe. A tribo em que estavam agora era bem mais próspera que a dos Yavapais
e foram, inclusive, dados pedaços de terra para que as garotas pudessem
cultivar. Foi aqui que, finalmente, as irmãs receberam suas tatuagens no queixo
e nos braços, de acordo com os costumes indígenas.
Infelizmente, Ann Mary Oatman morreu de fome no ano
seguinte (entre dez e onze anos de idade) quando a região foi atingida por um grande
período de seca, levando à falta de alimentos.
Quando Olive Oatman tinha 19 anos, um índio Yuma mensageiro
chegou à vila dos Mohave com uma mensagem das autoridades do Forte Yuma. Havia
rumores de que uma garota branca era mantida cativa pelos Mohave e o comandante
do forte pedia que a libertassem, mandando, em troca, cavalos e cobertores.
Contudo, a negociação foi inicialmente rejeitada pelos índios pois eles a considerava uma dos seus e tinham um grande afeto pela garota.O comandante vendo que seus argumentos não estava surtindo efeito intensificou o pedido de libertação e ainda ofereceu ao chefe Mohave cavalos brancos,cobertores e mercadorias que acabaram por encantar os nativos e assim Olive conseguiu sua 'liberdade'.
Quando chegou ao forte,solicitaram roupas para Olive,pois as vestes indígenas cobriam apenas a cintura para baixo de Olive.
Já no forte Olive encontrou uma amiga de infância com quem rapidamente reatou a amizade, e a partir desse momento ocorreram boatos de que Olive tinha sido casada com índio Mohave ou violentada e havia tido um filho com ele,Olive negou veementemente todas essas acusações e ainda alegou que os indios eram dotados da mais alta honra.
Em 1857, um pastor chamado Royal B. Stratton escreveu um
livro sobre o caso Oatman que vendeu em torno de 30 mil cópias os direitos
pagos a Lorenzo e Olive foram o suficiente para pagar a faculdade dos irmãos. Olive cursou uma universidade de literatura e enquanto concluía os estudos dava palestras e entrevistas.
Olive se casou, em novembro de 1865, com John B. Fairchild e o casal foi viver em Sherman, no Texas, e lá adotaram uma garota a quem deram o nome de Mamie. Olive morreu de um ataque
cardíaco, em 1903, aos 65 anos.
Há ma cidade no Arizona nomeada como Oatman em sua
homenagem. Atualmente, é uma cidade fantasma, que já foi conhecida por suas
casas de jogos, e ainda recebe visitas de turistas.
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