Fortunato Botton Neto (1967-1997) que ficou conhecido
como o Maníaco do Trianon, foi um assassino em série brasileiro. O Maníaco do
Trianon era um garoto de programa que atuava no Parque Tenente Siqueira Campos,
mais conhecido como Parque Trianon ou Parque do Trianon como é chamada a região
em torno da área verde em frente do Museu de Arte de São Paulo (MASP) próximo à
Avenida Paulista, em São Paulo, onde assassinava seus clientes.
História
Entre 1986 e 1989, uma série de misteriosos assassinatos
assustou a cidade de São Paulo. Um decorador, um psiquiatra, um diretor de
teatro e um professor figuravam numa longa lista de mortos. Em comum, as
vítimas eram homens, que tinham de 30 a 60 anos, viviam sozinhos, eram
independentes financeiramente e todos eram homossexuais. Todos foram
brutalmente assassinados com métodos que levaram a polícia a apostar na
existência de um serial killer.
Os crimes, que integram o caso que ficou conhecido como
os Assassinatos do Maníaco do Trianon, foram cometidos por Fortunato Botton
Neto, um garoto de programa que atuava no Parque Trianon, conhecido ponto de
prostituição masculina na região da Avenida Paulista. Fortunato matou estes
homossexuais, com requintes de extrema crueldade.
Crimes e Morte
No dia 17 de agosto de 1987; a empregada do psiquiatra
Antonio Carlos Di Giacomo chegou para trabalhar e encontrou um cenário de
horror. Com pés e mãos amarrados e uma meia na boca, estava o médico santista,
formado pela Escola Paulista de Medicina, que trabalhava no Hospital do
Servidor Público. Ele foi encontrado morto no apartamento em que morava no
Edifício Alice, na Rua do Rocio, no bairro Vila Funchal, na zona sul da capital
paulista.
A frieza com que Neto relatou este e os demais crimes
chocou até os mais experientes policias que trabalhavam no caso. Em um de seus
depoimentos, o maníaco diz: "Matar é como tomar sorvete: quando acaba o
primeiro, dá vontade de tomar mais, e a coisa não para nunca". Depois de
combinar o preço do programa, ele seguia para o apartamento das vítimas, onde
bebia com elas até que ficassem totalmente alcoolizadas. Amarrava os tornozelos
e os pulsos, amordaçava e matava por estrangulamento, golpes de faca ou chave
de fenda. Terminado o serviço, ele vasculhava o apartamento da vítima à procura
de dinheiro e objetos valiosos que pudessem ser vendidos facilmente sem
levantar suspeita.
Com a precariedade investigativa da polícia da época,
Fortunato teria saído impune de todos os crimes se não houvesse cometido o erro
de ameaçar um cliente. Jovem, o cliente tinha medo que sua homossexualidade
fosse descoberta pelos pais e Fortunato sabia disso. Ele passou a utilizar o
medo do cliente para extorqui-lo com valores cada vez mais altos em troca de
seu silêncio. Isso até que o jovem resolveu denunciá-lo e falar de sua
personalidade violenta para os detetives que acompanhavam os casos dos
assassinatos.
Aqueles policiais já estavam no encalço de Fortunato e a
revelação do jovem era tudo o que precisavam para poder caçá-lo. Uma emboscada
foi armada. O jovem usaria uma escuta e falaria com Fortunato, deixando claro
que não lhe daria mais dinheiro e que qualquer caso entre eles estava acabado.
Quando o homem resolvesse usar violência contra o jovem, a polícia apareceria e
o prenderia. O plano deu certo e os assassinatos pararam.
Acontece que Fortunato tinha sérios problemas mentais que
o faziam passar por "expedientes". Quando fora deles, era uma pessoa
normal e abertamente homossexual; ao entrar em um, se transformava em um
monstro que abominava homossexuais e os culpava pelo surgimento da AIDS. Cada
"expediente" podia durar minutos, horas, dias ou semanas, explicando
seus sumiços.
O Maníaco do Trianon no total matou 13 pessoas entre 1986
e 1989, mas foi condenado por três dos sete crimes que confessou. Morreu no
presídio de Taubaté em São Paulo em fevereiro de 1997, de Broncopneumonia
decorrente da AIDS, que adquiriu de uma de suas vítimas.
No livro “Dias de Ira: Uma História Verídica de
Assassinatos Autorizados” escrito pelo jornalista de O Estado de S. Paulo,
Roldão Arruda, lançado pela Editora Globo, o escritor mostra com detalhes
extensas páginas dos inquéritos policiais e depoimentos da época, que
desembocariam nos processos judiciais. Nele, o jornalista traçou o perfil das
vítimas desses crimes, e chegou a entrevistar Fortunato Botton Neto para o
livro, em 1995. O escritor também descreve o momento político vivido pelo
Brasil na década de 80.
oloko
ResponderExcluir