quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Céu Negro

Essa noite eu tive um sonho,mas não um sonho qualquer,estava sorridente e olhava para o céu que estava estranhamente limpo,sem estrela alguma,me senti incomodado,era como se tivessem roubado algo de mim e não conseguia me lembrar o que era,mas tinha aquela sensação.
De repente acordei e me senti cansado,fraco mesmo,mas não dei a minima para o jeito em que me encontrava,eu precisava sair do quarto,sair desta cama.
Coloquei um pijama e fui passear pelos corredores da casa,mas tudo era tão diferente e ao mesmo tempo igual,me senti confuso,como aquilo podia estar acontecendo?
Senti uma fraqueza terrível que insistia em me levar de volta para o quarto,de volta para aquela cama,sabia que não tinha nada lá,mas não conseguia entender o meu receio,afinal eu só queria dormir.
Sentei na beira da cama e com as mãos na cabeça senti que estava prestes a chorar,mas não era um choro qualquer,era um coro de medo carregado de desespero,um desespero quase primal,tão fincado em meu ser que ia tomando conta de minha alma.
Já não saia do quarto e agora o choro se tornara  gargalhadas cruéis,em uma loucura insana que só seria saciada com carne e sangue,minha própria carne,meu próprio sangue que pareciam ser tão saborosos.
Não olho mais o céu a noite, a sua decadência hipnotizante já não me pertence,tornei me escravo de minhas vontades mais profundas e primais,como a ira e o ódio,um ódio cego por ser quem eu sou,uma pessoa que tem sonhos tortuosos,perturbadores e tão maléficos que nem o próprio demônio me aceitaria no inferno.
Minha alma maldita clama por sangue,meu próprio sangue para corromper o resto de humanidade que ainda habita em mim,sei que tudo não passa de um sonho,mas mesmo que acorde isso não vai passar,eu sei que vai acontecer e eu vou estar lá para ver a minha ruína,o meu pecado,sou escravo de minhas ações e a noite sou rodeado por seres e vultos negros,só esperando um pequeno descuido para me devorarem,meus sonhos são presságios,presságios da morte que ronda a minha alma.
Já não sei se estou dormindo ou estou acordado,minhas gargalhadas não me deixam saber e o meu medo não me deixa perguntar,faço uma vaga ideia do que fiz e de como amaldiçoei minha alma para sempre,mas não quero me lembrar o meu pecado é a minha ruína e a tortura minha fiel companheira.
Meu riso passou,meu medo já está entranhado em meu corpo junto com meu desespero, e a única coisa que me consola é olhar para o céu límpido e sem estrelas,agora eu sei o que isso significa,afinal o céu foi a última coisa que vi.
E daqui onde estou esse céu precede a minha dor,agonia e tortura,afinal no inferno os suicidas não tem direito a compaixão,e o meu céu que parece  uma esperança nada mais é do que sofrimento retornando de novo e de novo e de novo,eternamente...

2 comentários:

  1. Puxa você escreve muito bem!
    Já estou seguindo aqui, se puder da uma passada no meu blog.
    Bj
    kawaii-and-macabre.blogspot.com

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  2. Boa tarde Yasmin,não costumo publicar os contos que escrevo com frequência no blog,mas de vez em quando o faço!!
    Que om que vc gostou!!
    Dei uma passada em seu blog e achei ele uma graça,lá tem algumas coisas das quais gosto muito^^

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