A mulher do cemitério

A noite ia alta enquanto caminhava pela rua, o céu estava tão negro que ameaçava engolir o horizonte.

Caminhava incerto com meus pensamentos cada vez mais sombrios, foi nesse momento que ouvi a voz mais linda e pura invadir meus ouvidos,  e o que mais me chamou a atenção foi o sofrimento, dor e melancolia contidos naquela voz primorosa, em meu intimo desejava secretamente ser possuidor do que se escondia por trás de tão lamentoso canto.

Foi quando a vi, branca como porcelana e tão esguia que se perdia naquele mar de cabelos negros, tal criatura só poderia ser comparada a um anjo.

Me perdi em sua beleza, desejava apenas ela , possuí-la naquela sacada com tamanha selvageria, que só  dor poderia completar esse ato tão sublime, mas para o meu  tormento ela desapareceu e como um bêbado imberbe entrei no primeiro boteco que apareceu em minha frente, a cada bebida via apenas seu rosto, sua pele alva me fazia queimar até que não agüentei, tinha que te-la em meu braços, torná-la parte de mim.

Saí cambaleante e enlouquecido tentava me lembrar do caminho que me levara a encontrá-la, até que encontrei, arrombei a porta e a encontrei dormindo, contemplei aquele rosto por um momento e  me joguei em cima dela,tapando sua boca com minha mão e mordendo seu pescoço e corpo como um louco, o gozo foi  pleno, forte e violento,adormeci em cima de seu corpo.

Acordei no fim da noite  não enxergava nada naquela escuridão, mas me lembrei da doce criatura e olhei para baixo para visualizar seu rosto de anjo.

O meu grito foi terrível, a minha surpresa tenebrosa, olhei para os lados e reconheci o antigo mausoléu do cemitério, abaixo de meu corpo jazia um outro, decomposto, pútrido, ao acreditei no que havia feito, ainda semi vestido saí correndo enlouquecido por aquelas ruas malditas.

Eu havia passado a noite com a mulher do cemitério...