A
Ilha de Poveglia já foi muitas coisas: um local de quarentena, um desterro para
os infectados com a peste e, mais recentemente, um asilo para doentes mentais.
Atualmente, o local é apenas uma ilha desabitada na Lagoa de Veneza, entre
Veneza e Lido.
A
particularidade desta ilha reside nas estórias populares que dela se contam e
de estar interditada a visitas, estando sob o controle do governo italiano.
Contrariamente às várias ilhas da Lagoa de Veneza, que estão ocupadas por
mansões ou grandes estâncias turísticas, Poveglia continua desabitada e o que resta
do seu passado vai apodrecendo com o tempo. Talvez seja pelas estórias que se
contam sobre o local que a ilha permanece desabitada.
Também
se diz que os pescadores locais não pescam nas redondezas da ilha, com medo que
as suas redes apanhem os ossos dos que lá foram enterrados.
A
história de Poveglia remonta à civilização romana, quando o local era utilizado
para isolar as vítimas da peste. Séculos mais tarde, já o local era
permanentemente habitado, Veneza foi atacada por Gênova e os habitantes de
Poveglia foram deslocados para Giudecca. Na mesma época, o Governo de Veneza
construiu um forte para poder combater a frota do inimigo. O forte, em
forma de octógono, ficou conhecido como “o Octógono”, e lá permanece nos dias
de hoje. A ilha ficou então desabitada e quando surgiram os primeiros surtos de
peste negra na Europa tornou-se num lazareto, um local de quarentena para quem
entrasse em Veneza.
Mas
o confinamento no lazareto de Poveglia nem sempre era uma sentença de morte. Os
habitantes temporários, naquela época, tinham o seu próprio quarto e por vezes até uma pequena
casa e podiam receber e enviar correspondência.
Porém,
durante os piores surtos da peste, Poveglia era invadida por milhares de
infectados, que acabavam por lá morrer. Devido ao elevado número de mortos, os
cadáveres eram enterrados em valas comuns ou queimados, quando as valas estivessem
cheias. As estórias locais indicam que morreram em Poveglia mais de 160 mil
pessoas vítimas da peste.
Escavações
recentes na ilha de Lazareto Vecchio, perto de Poveglia, revelaram várias valas
comuns. No meio dos restos mortais, os peritos encontraram vários cadáveres com
pedras na boca, o que significa que, segundo as crenças medievais e
renascentistas, se tratava de um vampiro, o que serviu para alimentar ainda
mais os rumores da ilha.
O
lazareto de Poveglia foi encerrado em 1814 e a ilha ficou desabitada até 1922, época em que foi construído um asilo psiquiátrico. Os dados oficiais da
instituição indicam que o espaço era um lar para idosos. Porém, várias visitas
à ilha depois do encerramento da instituição, em 1968, indicam que a
instituição era mais um asilo para doentes com perturbações mentais do que qualquer outra coisa.
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