Barbora,Klara e as crianças |
Ocorrido na cidade de Kuřim, na Tchecoslovaquia em 2007,
o caso também é conhecido como “Caso Maureová”. É considerado “o pior caso de
abuso infantil da história do país”. O caso serviu de inspiração para o filme
“A Orfã” de 2009.
As irmãs Mauerová
Klára Mauerová, nasceu em Kuřim, no ano de 1975. Foi uma
criança desajustada e desde jovem teve vários distúrbios. Tinha uma obesessão
com o universo místico e chegou a ser comparada com Joana D’Ark. Ela acreditava
ser destinada para servir em uma missão designada por Deus. Sua irmã mais nova,
Katerina Mauerová, era tão perturbada quando ela.
Klára chegou a estudar em uma universidade, mas nunca
deixou de lado as suas obsessões misticas e pseudo-religiosas. Acabou se cansando
com um homem que, segundo ela, viveram uma corrida vida sexual. Eles tiveram
dois filhos: Ondrej e Jakub.
Irmãs Mauerová |
Conforme Klára foi se sentindo cada vez mais sozinha
morando somente com seus filhos, ela chamou Katerina para morar com eles.
Katerina logo apresentou para sua irmã Barbora Skrlová,
uma amiga de faculdade. Barbora tinha 33 anos de idade e sofria de uma rara
doença glandular que faz com que sua aparência seja de uma jovem de 12 anos.
Barbora é claro, tirava proveito disto. Ela sempre se passava por menor de
idade para escapar de situações ilegais por conta de delitos que praticava e
teria até mesmo sido adotada por um casal ao se passar por uma criança. Ela
também tinha um temperamento violento e agressivo e passou por vários
tratamentos psiquiátricos e chegou a ser internada. Acreditava-se que ela tinha
um distúrbio mental por conta das mudanças repentinas de identidade; “Toda a
história de Barbora Skrlová está rodeada de um enigma em que ela participa de
uma maneira estranha, não existe uma explicação clara, mas minha hipótese é que
se trata de uma distorção psíquica grave com pertubação de identidade”, explica
um psiquiatra de Barbora.
Barbora Skrlová.
Com Barbora na vida de Klára e Katerine, as coisas
começaram a sofrer mudanças. As
duas irmãs começaram a mudar completamente de
personalidade, que se influenciava cada vez mais na nova amiga e também, se
converteram a uma seita chamada “Movimento Graal”, que era baseado nas
escrituras criadas em 1923 a 1938, pelo alemão Oskar Ernest Bernhardt, onde era
afirmado que o homem pode chegar ao paraíso por fazer boas ações na Terra. Mas
a realidade deste movimento era completamente diferente.
Barbora |
Um dos principais conceitos da seita, era que seus
integrantes fossem livres de tabus sociais, como incesto e antropofagia (que é
o ato de comer uma parte ou várias de uma pessoa para adquirir suas habilidades
e força). Todo os integrantes recebiam ordem de um líder desconhecido chamado
apenas de “O Doutor”, que apoiava a promiscuidade sexual, escravidão e maltrato
infantil. Tudo em razão de um sentido libertário.
Klára raspou os cabelos e as sobrancelhas, se vestia com
roupas de péssimas qualidade e parou de tomar banho. Katerine apoiava todas as
suas ideia e as de Barbora também. Já Barbora, mostrava que tinha dois lados:
um deles ela era a mulher adulta que tinha idade e o outro lado, agia como uma
criança. Ela tinha um grande ciúmes da atenção que os filhos de Klára recebiam
e ao poucos, começou a armar contra elas. Ela os acusava de quebrarem objetos
e de comportarem-se mal, muitas vezes
ela mesma fazia certas coisas e coloca a culpa nas crianças de 7 e 10 anos. Klára,
por acreditar fielmente na amiga, começou a castigar as crianças.
Abusos e maus tratos
Conforme a frequência de acusações de Barbora contra os
dois meninos foram aumentando e tornando cada vez mais grave, Klára começou a
se desesperar e foi pedir ajuda à autora
das acusações. Foi sugerido a Klára que ela prendesse as crianças em uma jaula
de ferro para que pudesse prende-los e assim conseguir vigia-los o tempo todo.
imagem filmada das crianças sendo torturadas |
A jaula foi encomendada e colocada no porão da casa. Os
meninos foram despidos e presos, recebiam alimentos através das barras e não
tinham como se comportarem mal. O que eles não sabiam é que ficariam ali por
oito meses. Com instruções de Barbora, as irmãs começaram a torturar os
meninos. Os dois eram amordaçados e amarrados, recebiam queimaduras de cigarros
nos braços e pernas. Eram espancados e recebiam choques elétricos e chicotadas
através das barras e como sempre estavam nus, recebiam um “banho” de água fria
uma vez por semana. Nem sempre recebiam o que comer e dormiam no chão. Sem
nenhuma coberta e junto com suas urinas e excrementos.
Barbora um dia, teve uma ideia de dar de comer
excessivamente para os meninos para que eles aumentassem de peso e então, ela e
as duas irmãs pudessem come-los.
Klára não foi contra a ideia e fez o que Barbora mandou.
Quando eles tinham engordado o suficiente, ela pegou uma faca e foi até a jaula
e pediu para que Ondrej, que estava com 7 anos, estendesse a perna. Katerina e
Barbora seguraram a perna do garoto enquanto Klára começou a arrancar pedaços
de carne do filho. Ondrej gritava de dor e medo e seu irmão, Jakub, fazia o
mesmo. Após cortar os pedaços, as três começaram a comer na frente dos meninos
sem se importar com os gritos dos dois.
A sujeira do porão |
Durante um mês inteiro, Jakub permaneceu com medo e com a
consciência de que logo o mesmo aconteceria com ele, e assim foi. No segundo
ato de canibalismo, sua mãe cortou pedaços de seu braço e a partir desde
momento, elas começaram a cometer atos de canibalismo uma vez por mês. Elas
desciam para o porão e Klára cortava pedaços de carne dos meninos e comiam na
frente deles.
Barbora, como sempre, teve mais uma ideia para controlar
ainda mais os meninos, mas o que ela não sabia é que essa ideia iria
condena-la. Ela disse para Katerina que comprasse uma câmera de vigilância em
fio, como as utilizadas para supervisionar bebês. Ela instalou no porão e
assim, poderiam observar tudo o que os meninos faziam e poderia ser observado
as crianças serem torturadas.
Porém, algo inesperado aconteceu. O homem que acabará de
mudar para a casa ao lado com sua mulher e filho recém nascido, tinha instalado
o mesmo tipo de câmera que Katerina havia comprado para que ele pudesse
monitorar o quarto do seu bebê. O que ele não esperava era que seu aparelho
iria acabar interceptando o sinal da casa vizinha e ele iria observar duas
crianças presas e sendo maltratadas.
O homem gravou um vídeo com todas as imagens que
conseguiu e fez as denuncias para a polícia.
E em 10 de maio de 2007, os agentes arrombaram a casa e ambas as irmãs
tentaram impedir de que os policiais tivessem acesso a porta que dava até o
porão. Após levarem as duas para a
viatura, os agentes entraram e o que encontram lá era aterrorizante.
O chão e as paredes estavam cobertas de sangue e o forte
cheiro de sangue, urina e fezes era insuportável. Um dos meninos, estava
desmaiado e o outro em estado de choque. Os dois apresentavam feridas horríveis
com sinais de apodrecimento e vários locais em carne viva.
E, parada em frente a jaula de ferro, estava uma menina
de 12 anos que, ao avistar os policiais disse que se chamava Anicka e era filha
adotiva de Klára. Os agentes tiraram a suposta menina rapidamente da casa e
logo voltaram para o porão para que pudessem libertar os dois meninos. A menina
na verdade era Barbora e ela aproveitou para fugir do caso.
Os dois meninos foram hospitalizado para que pudessem se
recuperar e assim, depor contra a mãe e a tia.
Julgamento
Klára Mauerová admitiu abusar de seus filhos mas disse
que só fez isso por estar sob influencia da irmã Katerina Mauerová e
principalmente de Barbora Skrlová. Com isso, a juiza emitiu uma ordem de prisão
para Skrlová, porém demorou um ano para que ela fosse encontrada.
Barbora encontrada depois de 1 ano |
Skrlová foi encontrada na Noruega, onde havia mudado de
identidade novamente e agora se passava por um menino de 13 anos chamado Adam.
Ela tinha sido adotada por um casal norueguês e frequentava a escola primaria.
Quando foi presa, seus pais adotivos entraram em choque quando os policiais
contaram que a criança de 13 anos era na verdade, uma mulher de 36 anos.
Barbora foi extraditada para a República Checa onde foi
julgada junto com as irmãs Mauerová.
As duas irmãs alegaram que Barbora havia feito “lavagem
cerebral” nelas e que elas não tinham noção do que estavam fazendo quando elas
torturaram os meninos. Elas confessaram também que recebiam ordens do “Doutor”,
que mandava mensagens de texto dizendo o que fazer e como abusar dos meninos.
Em juízo, Klára fez a seguinte declaração: “Ocorreram
coisas terríveis e só agora me dou conta disto, não consigo entender como
deixei isto acontecer”.
Barbora por outro lado, disse que as duas irmãs estavam
mentindo e por um período de cinco anos elas bateram nela, deram drogas para
que ela usasse e constantemente a estupravam com diversos objetos. Disse também
que existia os “clientes”, um número alto de pessoas que também maltratavam os
dois meninos.
O júri acabou não acreditando na história de Barbora pois
documentos médicos diziam que ela ainda era virgem.
Quatro outras pessoas também foram acusadas de terem
participado e/ou ajudado nos crimes. Eram eles:
Jan Turek, amigo de Barbora que providenciou a jaula para os meninos,
Jan Skrla, irmão de Barbora, Josef Skrla, pai de Barbora e Hana Basova,
empregada das irmãs.
A polícia acredita que o pai de Barbora, Josef Skrla, era
o verdadeiro culpado por trás dos abusos das crianças. Acreditavam também que
ele era dono de um grupo chamado “The Ants”, que tinha crenças parecida com o
“Movimento Graal”.
Em Março de 2009, Klara Mauerová recebeu a sentença de 9
anos e Katerina, recebeu 10 anos. Não há informações exatas sobre a sentença de
Barbora Skrlová, mas acredita-se que ela tenha recebido apenas 5 anos.
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