Durante milênios, os Fore, uma tribo do arquipélago de
Papua Nova Guiné, na Oceania, teve como costume comer cérebros dos parentes
mortos, uma forma de demonstrar luto. O ritual, porém, espalhou uma proteína
defeituosa por todo o povoado, gerando o Kuru, uma doença que matou 10% da
população Fore em meados do século XX.
Mas uma nova pesquisa mostra que os sobreviventes da
doença transmitiram a seus descendentes mutações que tornou o povo Fore imune
ao Kuru e, possivelmente, outras doenças degenerativas no cérebro.
O Kuru, chamado de “doença dos canibais”, e o mal de Creutzfeldt-Jacob,
a forma humana da Vaca Louca, são causados por um tipo de proteína defeituosa
chamada príon. Os príons ainda são pouco conhecidos pela ciência, mas já se
sabe que eles se
espalham obrigando proteínas normais a replicarem sua forma
defeituosa. Enquanto os príons se difundem pelo cérebro, formam buracos
microscópicos, fazendo do órgão uma esponja.
Várias proteínas diferentes podem se tornar príons, mas a
primeira proteína que os cientistas descobriram que podem tomar essa forma é
chamada de grande proteína de príon, ou PrP. A forma priônica do PrP pode
causar tanto o kuru como o mal de Creutzfeldt-Jakob.
O costume de comer cérebros de mortos foi proibido em
Papua Nova Guiné nos anos 1950. Em 2009, os pesquisadores voltaram à ilha para
fazer uma analise genética de mulheres idosas que sobreviveram à epidemia de
kuru no século XX. Os pesquisadores encontraram nessas pessoas duas mutações do
PrP, em aminoácidos específicos da proteína.
Desde então, a equipe replicou os estudos em ratos, e o
resultado foi publicado na edição desta semana da revista Nature. Os cientistas
criaram as duas mutações nesses ratos e testaram como eles se comportavam
quando expostos ao kuru e o mal de Creutzfeldt-Jakob.
O resultado do estudo foi que ratos com apenas uma cópia
da mutação ficaram com alguma resistência a doenças priônicas. Enquanto ratos
com duas cópias da mutação ficaram completamente resistentes aos males.
Ainda não se sabe por que uma única mudança de aminoácido
no PrP faz tanta diferença. Mas esse é um exemplo de como a evolução conseguiu
driblar uma doença mortal, indicando
novos tratamentos para males degenerativos do cérebro no futuro.
Fonte: info.abril.com
Fonte: tecnia.co
Fonte: www.nature.com
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