Local onde foi enterrado o teuto-brasileiro Joseph Greiner |
Entre a foz do Rio Jari, no Amazonas, e sua deslumbrante
Cachoeira de Santo Antônio, há uma cruz de madeira, medindo três metros de
altura por dois metros de largura, que há alguns anos é explorada como atração
turística no Amapá. Debaixo dela jaz o teuto-brasileiro Joseph Greiner, ali
sepultado em janeiro de 1936, vitimado pela selva. Feita sacrário, hoje a cruz
é protegida por um telhado e encabeçada pelo entalhe de uma suástica - a cruz
gamada de origens indo-tibetanas, popularizada como ícone incendiário do
nazismo. Lápide improvisada, o necrológio da cruz explica: "Joseph Greiner
morreu aqui em 2/1/36, a serviço da pesquisa alemã, vitimado pela febre - Expedição
Alemã do Jary, 1935-1937".
Setenta anos de intempérie se encarregaram de esmaecer um
dos pouquíssimos marcos de uma insondável aventura na Amazônia.
Meu envolvimento com a história que segue começou em 2003,
por meio de uma página encontrada por acaso nas profundezas da internet,
intitulada "A rota do nazismo na Amazônia", em referência ao livro
sobre uma misteriosa expedição alemã. Minha primeira reação foi a lembrança da
teoria da conspiração tramada no livro A crônica de Akakor (Editora Bertrand,
1977) do correspondente da rádio alemã no Brasil, Karl Brugger - assaltado e
assassinado no final de 1983 à saída de um restaurante no Leblon, Rio de
Janeiro. Nele Brugger ecoava a invencionice contada nos anos 1970 por um falso
índio, de uma "expedição nazista à Amazônia", ocorrida no final da
2ª. Guerra Mundial - crônica esdrúxula reciclada em 2007 por Steven Spielberg.
Plágio bilionário, o cenário apoteótico de Indiana Jones e o Reino da Caveira
de Cristal é a "cidade perdida" de Akator, supostamente uma
"base subterrânea de nazistas na
Amazônia". No curso destes anos
resisti à publicação do que sabia sobre o Jari para não comprometer um projeto
cinematográfico há muito acalentado. Contudo, o episódio atraiu o interesse da
revista alemã Der Spiegel, cujo correspondente no Brasil resolveu adiantar-se,
publicando o livro Das Guyana-Projekt (O Projeto Guiana). Resisti em lê-lo para
não me deixar influenciar, mas a publicidade dada ao assunto na Alemanha
justifica, agora, a abertura de uma modesta janela no Brasil.
No inferno das selvas
Num sebo da internet encontrei o tal livro sobre a
expedição. Folheando-o, dei-me conta que tinha nas mãos a encomenda errada,
porque sua edição era a de 1953. Demorei em entender que são duas as versões
sobre a aventura no Amapá: uma oficial, de 1953, e outra, de 1938, nem tanto.
Publicado pela Deutscher Verlag em 1938, plena ditadura nazista, o livro
original Rätsel der Urwaldhölle" - Mistérios do inferno da selva, que eu
adquiri mais tarde, tem 60 fotografias a mais que a versão pós-guerra. Suas
ilustrações mais escancaradas são duas suásticas: uma, na cabeça da cruz, e
outra, tremulando alegremente na popa de uma canoa, sobre o Jari. Símbolo
proibido pela constituição democrática alemã, do pós-guerra, as fotos com as
suásticas nazistas foram banidas da edição de 1953.
Capricho germânico, o livro é um diário making of do filme
homônimo, estreado e distribuído pela Universum Film AG (UfA) em 1938, depois
misteriosamente desaparecido. Em seu lugar, surge na década de 1970 o
inofensivo documentário Sobre o cotidiano dos índios da selva amazônica -
relatos de uma viagem de pesquisas, 1935 - 1937, distribuído pela WBU,
produtora de filmes educativos, fundada na década de 1960 pelo geógrafo dublê
de documentarista, Otto Schulz-Kampfhenkel.
O apoio brasileiro
Conta a versão oficial da aventura que em outubro de 1935
desembarcam em Belém do Pará três jovens aviadores alemães, acompanhados de 11
toneladas de bagagem, cuja lista e sofisticação extrapolam abusivamente os
limites desta crônica. Risível nota de rodapé é que além do inexplicável
arsenal trazido, os alemães não abriram mão do conforto, em plena selva
amazônica, de cobertores de pelo de camelo e roupa de cama. Eram eles Gerd
Kahle, Gerhard Krause e o líder da expedição, Otto Schulz-Kampfhenkel. Ao
contrário da informação, falsa, veiculada pela imprensa internacional, Joseph
Greiner, sepultado sob a cruz do Jari, não foi integrante do Esquadrão de
Pesquisas Schulz-Kampfhenkel, vindo da Alemanha, mas, provavelmente, contratado
no Rio de Janeiro. Explica o líder da expedição: "Neste meio tempo Gerd
(Kahle) manda um cabo do Pará, informando que lá não é possível encontrar
nenhum 'capataz'. Mas já que eu estou no Rio de Janeiro, tento encontrar algum
landsmann (patrício), criado no País e versado em Português. Depois de muito
procurar, eis que encontro o sujeito certo: Joseph Greiner, auslandsdeutscher
(alemão criado no exterior), jovem marinheiro, empreendedor e confiável, que se
soma como quarto integrante ao nosso grupo expedicionário, onde terá a função
de mestre-bagageiro, capataz e encarregado das provisões. Contratado, ele
embarca no primeiro navio de cabotagem rumo ao norte, no Pará". (Rätsel
der Urwaldhölle, Berlim, 1953.)
Antes de receber a permissão para subir o Jari,
Schulz-Kampfhenkel gastou mais de dois meses com extenuantes despachos
aduaneiros e expedientes burocráticos no Rio de Janeiro. Credenciado pelos mais
prestigiados institutos de pesquisa e museus de história natural da Alemanha,
Schulz-Kampfhenkel conseguiu facilmente a adesão do Instituto Emilio Goeldi, em
Belém, e do Museu Nacional, no Rio de Janeiro. Contudo, o apoio mais importante
seria o das Forças Armadas brasileiras, que em 1935 ainda não estavam divididas
em facções pró-Alemanha e pró-EUA. Por isso, em Belém, o governador José
Carneiro da Gama Malcher e o general Manuel de Cerqueira Daltro Filho
prestigiaram o comando alemão com sua visita.
Os alemães retribuíram a gentileza com um teste do
hidroavião modelo "Seekadett", burlescamente batizado de "Águia
Marinha", especialmente equipado com flutuadores de compensado e
instrumentos de navegação, tudo inédito para os embasbacados dignatários
brasileiros. Talvez o entusiasmo brasileiro se devesse à expectativa de lucrar
com o componente mais importante da missão: o levantamento topográfico da bacia
do Jari até suas cabeceiras, mapeamento até então inédito, mas previsto nos
mínimos detalhes pelo geógrafo Schulz-Kampfhenkel.
Expedições nazistas
A expedição ao Jari coincidiu com um capítulo insólito da
história do nazismo. Chefe de um "Estado dentro do Estado" - o
famigerado Departamento Central de Segurança do Reich, subordinado à SS -, o
sombrio e esotérico Heinrich Himmler tinha uma obsessão: acreditava na
fantástica "civilização de Atlântida", cujos descendentes, "de
raça pura", presumiu no Tibet e na América do Sul. Na origem de seu
esoterismo estavam "ariósofos" sinistros, antissemitas e também seu
fascínio pelas pesquisas do mitologista Otto Rahn, sobre as fabulações do Santo
Graal. Reciclando o Santo Graal como mistério pagão para a SS, Himmler
inaugurara uma série de expedições para os recônditos do planeta, onde seus
homens deveriam encontrar vestígios genéticos da "raça ariana".
Em 1934 Himmler indica o jovem geógrafo Otto
Schulz-Kampfhenkel, recém-filiado ao partido nazista NSDAP, como participante
da primeira expedição alemã ao Tibet. Otto não embarcou e safou-se de uma
tragédia, pois a maioria dos integrantes morreu na Nanga Parbat, depois do
Everest, a nona montanha mais alta do mundo. A terceira expedição alemã,
ocorrida em 1939, celebrizou-se com o livro Sete anos no Tibet, de Heinrich
Harrer, oficial da SS (protagonizado por Brad Pitt, no filme de Jean Jacques
Annaud). Outra expedição de Himmler teria como destino a Amazônia, mas ocorreu
apenas na imaginação fértil das confrarias esotéricas. Himmler e
Schulz-Kampfhenkel voltariam a se encontrar, mas quem patrocinou a expedição ao
Jari, como mentor do geógrafo, foi Hermann Göring, aviador durante a Primeira
Guerra Mundial na esquadrilha de Manfred von Richthofen, o Barão Vermelho, logo
promovido a ministro da Aeronáutica de Hitler. Muito bem articulado com o
complexo industrial-militar e os grandes bancos alemães, Göring já apadrinhara
expedições anteriores de Schulz-Kampfhenkel, aviador como ele, e mais uma vez
abriu-lhe as portas para a expedição ao Rio Jari.
Berlinense de origem abastada, Schulz-Kampfhenkel estudara
geografia e ciências naturais, especializando-se na caça de animais africanos
para jardins zoológicos alemães. Mas do que gostava mesmo era de voar. Com sua
paixão pela zoologia, em 1934 participou ativamente da "arianização"
ocorrida na DGS (Sociedade Alemã de Pesquisas em Mamíferos) - centro de excelência
mundial. Como a maioria dos militares alemães, o geógrafo se insurgiu contra o
Tratado de Versalhes, imposto aos alemães por sua derrota na Primeira Guerra
Mundial, e que, entre outras retaliações, lhes proibia pesquisas científicas no
exterior. Schulz-Kampfhenkel não via a hora de violar o tratado com sua
expedição ao Jari.
Contra a correnteza
Jari, final de 1935. Apesar da contratação de uns 30
caboclos-mateiros, familiarizados com a selva, foi uma operação tumultuada. Que
o Jari era um imenso tapete pedregoso, repleto de cachoeiras, sem superfície de
pouso para o hidroavião, era detalhe que os alemães já intuíam, apostando em
condições mais apropriadas rio acima.
Enquanto Gerd Kahle, no comando da expedição, desafiava a
lei da gravidade, forcejando contra a correnteza, na retaguarda
Schulz-Kampfhenkel e Gerhard Krause chocaram os flutuadores do "Águia
Marítima" contra toras de árvores submersas, entre Gurupá e Arumanduba, e
o hidroavião espatifou-se sobre o Amazonas. Agarrados a um dos flutuadores, a
mais de um quilômetro da margem amapaense do Amazonas, os dois alemães estavam
sendo arrastados pela maré. Foram salvos por remadores caboclos, que
Schulz-Kampfhenkel louva como "heróis da selva". Estava gravemente
comprometido o principal objetivo da expedição: o mapeamento aéreo da bacia do
Jari.
Barcos sobrecarregados e rio raso demais, o geógrafo
determina a instalação de subacampamentos, dividindo sua equipe. O inverno
amazônico se aproximava, chovia copiosamente. Explorando um rio,
Schulz-Kampfhenkel foi surpreendido por uma súbita enchente, perdendo seu barco
com todo o equipamento - câmeras, material de cartografia, armas, provisões e
roupa. Durante uma semana errou sozinho pela selva. Foi resgatado e safou-se da
morte pela segunda vez.
Em janeiro de 1936 alcançaram a grande aldeia dos índios
Aparaí, no médio Jari. O capataz e mestre-bagageiro Joseph Greiner desce
novamente o rio, para apanhar as provisões guardadas em Santo Antônio. Mas os
índios que o acompanhavam retornaram sozinhos. Krause, o mecânico do avião e
operador de som, saiu em seu encalço, mas não conseguiu salvá-lo. Então Krause
o sepulta, ergue aquela cruz de madeira e faz os entalhes legíveis até hoje.
Depois envia uma mensagem ao comando da expedição, na aldeia Aparaí, informando
que, surpreendentemente, o estoque de quinina de Greiner estava intocado. Ele
não havia tomado um comprido sequer, obviamente confiando exageradamente na
"imunidade" do seu organismo.
No "inferno verde"
Tudo indicava que o lendário Curt Nimuendaju Unkel, alemão que
vivia em Belém e era ligado ao Instituto Emilio Goeldi, havia sido convidado
para guiar a expedição, e neste caso poderia ter evitado grande parte do
descalabro. Mas Schulz-Kampfhenkel menciona com frieza seu encontro com o
indigenista conterrâneo, provavelmente porque Nimuendaju desprezava o nazismo.
Desde 1910 ele atuava no recém-fundado Serviço de Proteção ao Índio (SPI), mas
entraria para a história do cinema como consultor de pelo menos quatro
produções cinematográficas na Amazônia.
Aliás, o "inferno verde" parecia dar o troco,
cobrar tributos por velhos pecados alemães, jamais expiados. Como o caso dos
índios levados em 1820 para a Alemanha pelo naturalista Carl Friedrich Phillip
von Martius: três adultos faleceram durante a travessia do Atlântico, e os dois
curumins Isabella Miranha e Yuri Comás estão sepultados no Cemitério Sul de
Munique. Morreram de frio durante o inverno de 1820 /21. Outra aberração: os
crânios dos índios Botocudos, caçados por exploradores alemães, entre eles o
príncipe Maximilian zu Wied, para compor o macabro acervo dos darwinistas de
plantão - prática absolutamente dentro da etiqueta, pois ninguém menos que D.
Pedro II, durante uma visita à Alemanha, tirou da bagagem, de presente, um
crânio de silvícola.
Mas eram exatamente esses melindres que atiçavam o frenesi
alemão, atraindo mais de 20 produções cinematográficas alemãs à Amazônia, entre
1920 e 1941. Sua maioria explorava a forte demanda por enredos exóticos. Com
uma exceção: o longa-metragem de ficção Kautschuk / O inferno verde, inspirado
no emblemático episódio do contrabando de 70 mil sementes de seringueira pelo
agente britânico Henry Wickham, em 1870. Com um set de mais de 60 pessoas em
plena selva amazônica, a produção ocorreu na mesma época em que Schulz-Kampfhenkel
se penitenciava no Jari.
Os Aparaí do "Führer"
Era 1936, ano das Olimpíadas em Berlim, Schulz-Kampfhenkel
não estava interessado em cultura, apenas em "raça". Insensíveis à
religiosidade Aparaí, os alemães abateram e descarnaram uma enorme sucuri, que
nadava à flor d'água e não os ameaçava, juntando seu couro ao butim de centenas
de peles, crânios, ossos, dentes, plumagens e órgãos conservados em álcool,
prometidos aos museus de ciências naturais da Alemanha. Mas não havia ali
ciência alguma, o galpão "científico" dos alemães mais se assemelhava
a um gigantesco açougue. Apesar disso, o relacionamento com os hospitaleiros
Aparaí foi mais do que pacífico: índios e alemães tornaram-se muito bons
amigos. Os indígenas naturalmente não entendiam os objetivos do alemão. A
sexualidade brotou entre hóspedes e anfitriões. Mas, obviamente, não há nos
livros de Schulz-Kampfhenkel qualquer pista de seu envolvimento com a formosa
Macarrani, filha do cacique Aocapotu. Assumi-la teria significado admitir a
inadmissível fraqueza da carne germânica, "superior", e uma traição
da doutrina racial, cujo rosário o alemão desfiava com fervor. Ao despedir-se
dos Aparaí em 1937, o alemão deixou para trás uma mulher grávida. Sua filha,
nascida entre 1937 e 1938, foi batizada de Cessé, também conhecida por
"alemoa": tinha a tez clara e os olhos azuis de seu pai
"ariano". Contou-me Cristóvão Lins, ilustre pesquisador e autor da
História do Jari, que pouco tempo atrás morreu José Pinheiro, líder dos
caboclos de Schulz-Kampfhenkel. Com isso foi-se a última testemunha viva do
nascimento de Cessé.
Operação Guiana
Início de 1937, perto da Guiana Francesa. Os alemães não
tinham cruzado o Atlântico com toda aquela parafernália para testar bobagens. O
que Schulz-Kampfhenkel queria experimentar era a aerofotogrametria, técnica que
revolucionou a cartografia moderna. Já com o avião fora de combate, teve de se
contentar com suas medições feitas em terra. Apesar de extenuados
"seus" índios e caboclos, o alemão insistiu teimosamente em mapear as
cabeceiras do Jari, a pouca distância da Guiana Francesa. O mapa da fronteira
era a chave de ouro para fechar seu plano da colonização do território francês
por grandes contingentes alemães, apoiados numa forte "coluna
indígena". Com a invasão da França pela Alemanha, em junho de 1940, o
geógrafo não teve dúvidas: submeteu-o a Heinrich Himmler. Recomendou a selva
(do Amapá e da Guiana Francesa) como território privilegiado pela natureza, com
baixíssima densidade demográfica, excelente para a exploração como "colônia
tropical", que "não deveria ficar nas mãos de povos, que, comparados
à Alemanha ou à Inglaterra, são inferiores, do ponto de vista racial e
civilizatório". Porém, o chefe da SS repeliu a idéia com uma aritmética
muito simples: para quê todo o esforço hercúleo, de subir o Jari, se a França
estava sendo ocupada e a Guiana Francesa seria "alemã" por tabelinha?
O espião do Saara
No início dos anos 1940 a "operação Guiana" era
página virada da história. O "Esquadrão Schulz-Kampfhenkel" -
integrado por geólogos, geógrafos, hidrólogos e botânicos, e devidamente
incorporado à SS - leva a cabo uma missão especial no norte da África. O grupo
deverá produzir mapas para a avaliação de terreno, o que faz com incursões
rápidas e mediante a cartografia aérea. É quando o expedicionário do Jari vive
seus dias de glória: da cabine de seu avião, Schulz-Kampfhenkel mapeia o relevo
do Saara, para determinar as trilhas apropriadas aos pesados blindados do
Afrika-Korps do marechal Erwin Rommel.
Chamado de volta à Alemanha e promovido a capitão da SS em
maio de 1943, Otto é nomeado "Delegado Especial para Missões
Geocientíficas do Conselho de Pesquisas do Reich", executando operações de
inteligência geográfica sobre o território da União Soviética. Mas, perdida a
guerra, ele foi preso pelas tropas norte-americanas e duramente interrogado
pela OSS, precursora da CIA. Com o "desmanche" da Alemanha, os EUA
levaram consigo milhares de técnicos e cientistas. E apesar de liberado em
1946, o geógrafo-aviador continuou figurando como "nazista a serviço da
inteligência militar norte-americana", na letra "S" do arquivo
"Top Secret decimal file, Records of Army General Staff, RG 319, NA",
tornado público há poucos anos.
Otto Schulz-Kampfhenkel, o "nazista da Amazônia",
terminou seus dias levando a vida que tinha pedido a Deus. Viajando, dirigiu
dezenas de documentários educativos e científicos. Conta-me Falko Ahsendorf -
diretor de fotografia em várias produções de Otto sobre a África e o Oriente
Médio, nas décadas de 1960 e 1970 - que Mistérios do inferno selvagem, o filme
sobre a expedição do Jari, estreado em 1938, tornou "próspero" o
geógrafo-aviador, morto em 1989, aos 78 anos de idade. Mas de seu pai rico, a
índia Cessé Schulz-Kampfhenkel nada sabia. E é onde começa outro filme sobre a
aventura, agora contada de trás para frente.
*Frederico Füllgraf é Mestre (MA) em Comunicação Social pela
FUB - Universidade Livre de Berlim e ex-aluno da DFFB - Academia Alemã de
Cinema e Televisão, também em Berlim. É escritor (A bomba 'pacífica'- o Brasil
e outros cenários da corrida nuclear, Brasiliense, 1988), roteirista e diretor
de cinema, e desde 1985 atua como produtor associado da ARD (TV Alemã, Canal
1). Selecionado pelo MinC para a edição 2006 do projeto DOC TV, sua produção
mais recente é Maack, profeta pé na estrada, estreado pela TV Cultura, em 2007.
Seu mais novo projeto é o livro O cinema do inferno verde, atualmente em
processo de criação para a editora Record.
Imagens da expedição:
Kampfhenkel (2º à esq.), gal. Daltro Filho e o governador
Malcher
|
Joseph Greiner (agachado) com os nativos da região |
Sepultura de Greiner atuialmente |
Fonte: História Viva
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