Dizem que os mortos nunca voltam.
Por mais que acreditemos, tudo isso não passa de um íntimo desejo de continuar
a viver mesmo depois de morto, pois não nos conformamos com a morte.
Não era nisso que Helena
acreditava. Gostava muito de assuntos relacionados ao sobrenatural e sempre
buscava meios de entender o que acontece quando morremos.
Um dia quando estava saindo do
colégio, fazia muito frio e uma intensa neblina cobria as ruas. Helena
caminhava num ritmo devagar, para aproveitar o tempo, pois adorava o frio. O
silêncio tomava conta da rua quando foi interrompido por passos.
Era uma senhora muito enrugada e
com uma aparência nada saudável. Tinha um livro grosso e velho nas mãos e de
repente chamou-a pelo nome. Helena mesmo assustada com essa situação sobre o
fato da velhinha saber o seu nome, resolve parar e ver o que a senhora quer,
pois pensou “o que uma velhinha poderia fazer de mal?”
Helena chega em casa agindo
normalmente, nem se importou com abordagem recebida a pouco. Almoça e vai
dormir em seu quarto. Quando acorda olha no relógio, são três da tarde.
Repentinamente toma um susto! O
livro qual a velhinha oferecera estava na cabeceira de sua cama!
Apesar da indignação, Helena pega
os livros nas mãos, era um livro marrom, sem nome. Então resolve abrir.
Logo na primeira página havia
algo esacrito a mão em uma língua que Helena não conseguiu identificar “ez a
könyv az esélye, ha a tulajdonos a könyv tagadja meg az utolsó kívánsága az
lesz a legnagyobb rémálom.” Folheou o livro tentando obter alguma informação
sobre o livro mas também estava escrito nessa língua estranha.
No dia seguinte, Helena se vestiu
para ir à escola, pegou sua mochila mas tomou outro rumo, queria tirar essa
história a limpo e foi até a casa de uma mulher que morava no bairro ao lado
que era conhecida por mexer com ocultismo.
Chegando lá, bateu palmas algumas
vezes. Era uma casa mal cuidada, cheia de gatos, a mulher tinha unhas muito
compridas, cabelos oleosos, cega de um olho e usava roupas medonhas, e tinha um
cheiro forte de cigarro. Se não fosse pela curiosidade, Helena jamais pisaria
naquele lugar.
Convidou-a para sentar e Helena
logo lhe contou sobre o livro e sobre a velha senhora. A mulher quis ver o
livro e Helena o mostrou.
A mulher ficou pasma, logo
reconheceu do que se tratava. Era magia negra da pesada!
Helena quis saber exatamente do
que se tratava e que língua estava escrito. E a mulher lhe contou tudo.
No século VX na Hungria, havia
uma condessa chamada Elizabeth Bathory, uma mulher de pura maldade que
torturava suas escravas e banhava-se com o sangue delas a fim de manter-se
jovem. Reza a lenda que este livro foi um presente de sua tia lésbica que
praticava as artes da magia negra. “ez a könyv az esélye, ha a tulajdonos a
könyv tagadja meg az utolsó kívánsága az lesz a legnagyobb rémálom” quer dizer
que este livro deve ser recebido de bom grado, caso negado, o último desejo que
a pessoa fez, será seu martírio por toda a eternidade. Este livro é cheio de
maldições, as pessoas que utilizaram este livro fizeram coisas terríveis, só
tocar ou possuir pode trazer alguma consequência.
O motivo pelo qual ele foi parar
em suas mãos pode estar relacionado com algum caso de maldição que caiu sobre
sua família.
Helena voltou para casa inconformada,
pois conseguiu as informações mas a mulher nada podia fazer para ajuda-la. Era
um tipo de magia desconhecida, muito antiga, não havia como desfazer.
Lembrou-se do passado da rivalidade sobre o lado religioso e o lado obscuro de
sua família. Teve uma tia que participava de missas negras, que morreu em um
incêndio. O que deixou Helena um tanto aflita foi o fato de ter sofrido muito
com a morte da tia, que mesmo Helena sabendo o quão grotesco era o seu
comportamento aos olhos da sociedade, gostava muito de sua tia, e dois dias de
sua tia morrer, Helena e Márcia haviam combinado que quem morresse primeiro,
voltaria para contar como é o mundo dos mortos.
Naquela noite, Helena não pregava
os olhos, parecia que todas as posições em que se deitava não eram confortáveis.
Eram três da madrugada, um cheiro
de perfume infestou seu quarto. Era o perfume de sua tia Márcia, impossível não
reconhecer, muito cheiroso.
Helena resolve sentar na cama, e
de repente vê sua tia Márcia ao pé da cama, com uma roupa branquíssima,
transmitia muita paz. “venha minha querida, vou lhe mostrar o mundo dos
mortos.”
Helena sentiu um pouco
amedrontada, mas feliz de poder ver sua tia outra vez, e ver que estava bem,
mas estranhou sua serenidade “me dê a mão minha querida.”
Tomada pela euforia de poder
saber o que há quando morremos, Helena deu as mãos a sua querida tia, quando de
repente tudo mudou...
Tia Márcia apertava forte a mão
da sobrinha, que a deixou incomodada, e a olhou nos olhos com um olhar
perturbador e foi mudando sua fisionomia e revelando uma aparência horrenda de
um demônio. O cheiro de perfume foi substituído pelo cheiro de putrefação.
Helena tentava soltar a mão, mas
o demônio era muito forte, queria leva-la de qualquer maneira, falava com uma
voz assustadora e com um sorriso cínico, “vamos querida, vou mostrar-lhe sua
morada.”
De repente Helena estava em uma
espécie de vórtice, movia-se muito rápido, queria vomitar...
Acorda em sua cama, tudo está
normal, será que Helena estava apenas sonhando?
Ficou um tempo na cama, pensando
nos acontecimentos. Se sentia aliviada por ser apenas um sonho. Resolve
levantar-se para tomar um copo d’água, quando abre a porta uma surpresa a
espera...
Era um labirinto, o lugar era
bonito, mas lhe causava medo e angústia. Parecia que seu pesadelo ou encontro
com o demônio havia sido a um ano atrás... Não tinha mais noção de tempo, noção
de nada. Não sentia fome, não sentia sede, a única coisa que sentia era pavor.
Andou por um tempo pelo
labirinto, estava confusa, quase perdendo sua sanidade.
Percebeu que estava sendo
acompanhada, quando se vira, era a velhinha.
Helena sentia tonta, como se
estivesse dopada, como se estivesse enlouquecendo pouco a pouco, sentia-se
atormentada, uma sensação terrível, de repente, quase sem forças, cai ao chão e
lá permanece, olhando para o nada.
A velha senhora friamente lhe
disse “esse é o seu destino por toda a eternidade, os mortos não retornam
jamais.
Durante toda a sua vida inútil,
você buscou algo além do seu alcance. Nunca fez algo de bom, nada que merecesse
algum mérito, passava a maior parte do tempo atrás de uma vadia estúpida que
teve uma morte merecida, e você lamentou como se ela fosse um anjo. Se tivesse
sido mais esperta não estaria aqui, se não tivesse rejeitado o meu livro não
estaria nesse lugar onde só os imundos
permanecem. Seu destino será esse, passará o resto da eternidade vagando por
este labirinto, tentando buscar algum sentido a sua alma oca.”
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